sábado, 30 de janeiro de 2010

A EVOLUÇÃO DA VIDA NA TERRA

- O nascimento da Terra primitiva há cerca de 4600 milhões de anos
A Terra formou-se há cerca de 4600 milhões de anos a partir da nebulosa que originou todo o Sistema Solar. Devido às forças de gravidade, o interior da Terra foi ocupado pelos elementos químicos mais pesados, como, por exemplo, o ferro, e os mais leves, como os silicatos, que criaram uma camada exterior parcialmente fundida. A superfície era líquida e expelia gases muito quentes, como o dióxido de carbono, o azoto e vapor de água, emitindo para o espaço o calor vindo do interior.

- Formação da crusta entre os 4200 e 3800 milhões de anos
Quando a Terra começou a arrefecer, algumas rochas derretidas solidificaram e formaram uma crusta primitiva frágil e quebradiça. Os meteoritos, que continuavam a cair incessantemente sobre a Terra, quebravam essa crusta e facilitavam a ascensão de vastos lençóis de material fundido, das profundezas, para a superfície. Ao mesmo tempo, enormes vulcões expeliam lava que, ao arrefecer, fortalecia a crusta original.


- Os primeiros vestígios de Vida há cerca de 3800 milhões de anos
Os gases, que escapavam do interior da Terra, arrefeceram e condensaram-se em grandes nuvens que cobriam a Terra. Em violentas tempestades, a chuva jorrou, continuamente, formando os oceanos. As descargas eléctricas dos relâmpagos possibilitaram a transformação dos gases em moléculas complexas que, arrastadas pelas chuvas, caíram nos oceanos e rios, constituindo a matéria-prima para a vida. Nesta altura, a crusta já era suficientemente forte para suportar o embate de meteoritos. Os primeiros organismos vivos mais complexos surgiram há cerca de 3600 milhões de anos. Aproximadamente há 2500 milhões de anos, os organismos primitivos, semelhantes a bactérias, começaram a transformar o dióxido de carbono do mar em compostos orgânicos, dos quais se alimentavam, e libertaram oxigénio para a atmosfera como resíduo.



- A formação da camada de ozono entre 1900 e 600 milhões de anos
A crusta fortaleceu-se, consideravelmente, há cerca de 2500 milhões de anos, engrossou e tomou o aspecto da crusta que forma os continentes da actualidade. Há aproximadamente 1900 milhões de anos, o oxigénio começou a acumular-se na atmosfera e passou a ser o segundo gás mais abundante, logo a seguir, ao azoto. Algum deste oxigénio foi transformado numa camada de ozono que passou a filtrar a perigosíssima radiação ultravioleta do Sol. Este processo possibilitou que novas formas de vida, cada vez mais complexas, se multiplicassem e enchessem os oceanos que, posteriormente, passaram também a povoar os continentes.




Fonte:
Descobrir a Terra, Areal Editores, dossier do professor, 2002/2003

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

REFLEXAO SOBRE O PLANO DE ACÇÃO COMUNITÁRIO PARA A BIODIVERSIDADE PARA 2010 – E PARA ALÉM

A perda da Biodiversidade é causada por factores locais, regionais e globais pelo que as medidas também terão que ser tomadas a todas as escalas. A Comissão Europeia adoptou em Maio de 2006 a Comunicação “Parar a Perda da Biodiversidade até 2010 – e para além”, que revê designadamente a anterior Estratégia Comunitária para a Biodiversidade e estabelece uma Plano de Acção para travar a perda da Biodiversidade, que se desenvolve em torno de 10 objectivos e cerca de 150 acções, identificando-se o nível de execução (Comunidade ou Estados-Membros). Neste plano estabeleceram-se medidas concretas e descreveram-se as responsabilidades das Instituições Europeias e dos Estados Membros.



Foi elaborado em Janeiro de 2008 um relatório do progresso de execução do Plano de Acção até ao final de 2007 que permitiu evidenciar que:
1. ocorreu um ligeiro progresso relativamente aos diferentes objectivos, metas e acções do Plano, se bem que concentrado em compromissos já existentes (implementação da legislação de ambiente e conservação da natureza, e em particular a consolidação da Rede Natura 2000 e os progressos na sua extensão ao meio marinho);
2. novas iniciativas identificadas no Plano estão a ser preparadas, nomeadamente o desenvolvimento de um instrumento comunitário para as espécies exóticas invasoras, o reforço das parcerias business & biodiversity, a divulgação da importância da biodiversidade e o lançamento de uma avaliação sobre o impacte económico da perda da biodiversidade;
3. é difícil demonstrar progressos significativos na integração da biodiversidade nas políticas sectoriais, em particular no que se relaciona com a conservação e a restauração da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas, ao nível da globalidade dos territórios terrestre e marítimo da UE;
4. é necessário reforçar as sinergias entre o combate às alterações climáticas e os objectivos de conservação e utilização sustentável da biodiversidade;
5. apesar de se ter feito um progresso assinalável na governação global e na abordagem do comércio de madeira ilegal (através do Plano de Acção do FLEGT), permanece ainda como um desafio a incorporação da preocupações da biodiversidade na cooperação bilateral para o desenvolvimento e nas políticas comerciais da UE.


Este relatório intercalar de 2008 sobre a implementação do Plano de Acção é a primeira avaliação abrangente do progresso alcançado a nível comunitário e dos Estados-membros. Apesar de existir uma ampla base de políticas e de legislação a nível da UE sobre o desafio que a conservação da biodiversidade representa, a principal conclusão do relatório intercalar é que é altamente improvável que a UE alcance o objectivo de parar a perda de biodiversidade até 2010. Será necessário um grande esforço adicional para conseguir travar a perda da biodiversidade até 2010.


As políticas e a legislação da EU oferecem uma base sólida para travar a perda da biodiversidade, mas têm que ser aplicadas com eficácia. Na avaliação que foi efectuada destacam-se as medidas prioritárias para tentar alcançar a meta de 2010: desde actividades suplementares de gestão e reabilitação de espaços da rede Natura 2000 até à restauração do estado dos ecossistemas no resto das zonas rurais da EU e em meios marinhos e de água doce.


No relatório intercalar destacam-se muitos aspectos positivos. Foram realizadas com êxito acções específicas para evitar o desaparecimento de habitats e espécies, mas há que obter os mesmos resultados mas a uma escala muito maior. Houve um aumento considerável da rede Natura 2000 mas esta também terá que continuar a crescer e a ser complementada, especialmente no que se refere aos espaços marinhos protegidos.
Também ocorreu um avanço na protecção dos ecossistemas marinhos e de água doce, sobretudo com a adopção da nova Directiva sobre a Estratégia Marinha, embora tenha existido uma falha na adopção da proposta da Directiva Quadro do Solo, que deixou uma lacuna legislativa importante. O relatório da Comissão mostra que os Estados membros estão atrasar o processo de conclusão de definição da Rede Natura 2000 (especialmente no mar), para além de muito pouco ser feito para gerir e proteger essas áreas, de modo a que as pessoas e Natureza possam beneficiar mutuamente.



Entretanto a comissão apresentou uma série de opções para uma estratégia da EU dirigida a combater a ameaça crescente que representam as espécies invasoras. Os Estados utilizam cada vez mais fundos da EU a favor da natureza e da biodiversidade, especialmente em relação às políticas agrícolas e de desenvolvimento regional, ainda que não se tenham definido os benefícios reais para a biodiversidade. Será também necessário haver um esforço maior no sentido de integrar melhor as considerações relativas à biodiversidade em distintas políticas sectoriais. São quatro os domínios que exigem um esforço especial e um novo ímpeto. A Comissão propõe que se tomem medidas específicas para:
- Combater as alterações climáticas (objectivo: estabilizar as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera num nível que não provoque variações não-naturais no clima da Terra).
- Proteger a natureza e a vida selvagem (objectivos: proteger, e se necessário restaurar, a estrutura e o funcionamento dos sistemas naturais; cessar a perda de biodiversidade, na União Europeia, e a una escala global; proteger os solos contra a erosão e a poluição).
- Responder às questões relacionadas com o ambiente e a saúde (objectivo: conseguir um ambiente com uma qualidade tal que os níveis de contaminantes artificiais nele presentes não produzam impactos significativos nem apresentem riscos para a saúde humana).
- Preservar os recursos naturais e gerir os resíduos (objectivo: reduzir a quantidade de resíduos destinados à eliminação final em cerca de 20% em relação aos níveis de 2000 até 2010 e em cerca de 50% até 2050).


“Em Portugal o cenário não é diferente dos restantes países na EU. Segundo Domingos Leitão, Coordenador do Programa Rural da SPEA, “O estado Português só toma medidas a favor da biodiversidade quando é ameaçado pela CE com processos no Tribunal Europeu”.(in SPEA)
Em vez de um planeamento cuidado em que prevalece o desenvolvimento sustentável, avançam as ideias megalómanas com objectivos imediatos. Multiplicam-se os grandes projectos na Rede Natura 2000 (barragens, mega-parques eólicos, linhas férreas, mega-projectos turísticos, etc.). São investidos 1500 milhões de euros em agricultura intensiva de regadio e apenas 200 milhões em agricultura sustentável nas áreas classificadas.”(Domingos Leitão in SPEA).


As áreas protegidas são uma parte extremamente importante dos programas de conservação da biodiversidade e dos ecossistemas, especialmente para os habitats sensíveis.


Avaliações recentes têm demonstrado que, na escala global e regional, a existência de PAs atual, embora essenciais, não é suficiente para a conservação de toda a gama de biodiversidade.


As áreas protegidas devem ser mais bem localizadas, projectadas para conseguir lidar com problemas como a falta de representatividade, os impactos da ocupação humana em áreas protegidas, exploração ilegal de plantas e animais, o turismo sustentável, os impactos de espécies exóticas invasoras, e vulnerabilidade às mudanças globais.


A Biodiversidade só poderá ser conservada e utilizada de forma sustentável quando se tornar uma preocupação generalizada dos sectores de produção. A investigação e desenvolvimento têm-se centrado em relativamente poucas espécies produtivas, ignorando assim a potencial importância da conservação da biodiversidade.


Temos ainda o sector privado que pode fazer contribuições significativas para a conservação da biodiversidade.


Mostrando uma maior responsabilidade social, muitas empresas estão agora a preparar os seus próprios planos de acção para a biodiversidade, gestão das suas próprias propriedades de formas que são mais compatíveis com a conservação da biodiversidade, apoiando os sistemas de certificação que promovam uma utilização mais sustentável, trabalhando com múltiplas partes interessadas, e aceitar a sua responsabilidade para abordar as questões da biodiversidade nas suas operações.


São necessários mais esforços para integrar a conservação da biodiversidade e actividades de uso sustentável, numa maior tomada de decisão dos quadros macroeconómicos.


Travar a perda da biodiversidade e abrir a via para a sua recuperação constituem marcos importantes. Contudo, há necessidade de olhar para além de 2010, numa visão a mais longo prazo que permita estabelecer um enquadramento político. Essa visão deveria reconhecer a nossa interdependência com a natureza e a necessidade de um novo equilíbrio entre o desenvolvimento e a conservação do mundo natural.


Será necessário pôr em prática a legislação, colocar o ambiente no centro do processo de definição de políticas, trabalhar com o mercado, ajudar as pessoas a fazerem escolhas favoráveis ao ambiente e utilizar melhor as terras, tudo isto a nível global.


“Em 2010, a Comissão continuará a proteger a biodiversidade da UE através da execução da legislação existente no domínio da protecção da natureza, da conclusão da Rede Natura 2000 e da finalização do Plano de Acção sobre Biodiversidade de 2006. 2010 será o primeiro ano em que o «exame de saúde» da Política Agrícola Comum será aplicado em pleno. A Comissão dará também seguimento às iniciativas previstas no seu programa de trabalho para 2009 sobre a identificação das zonas menos favorecidas e a qualidade dos produtos agrícolas.”

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE

"Estamos a experimentar a maior onda de extinções de espécies depois do desaparecimento dos dinossauros. A cada hora, três espécies desaparecem. A cada dia que passa, extinguem-se mais de 150 espécies. A cada ano, entre 18 mil e 55 mil espécies desaparecem do mundo", sublinha Ahmed Djoghlaf (secretário executivo da Convenção para a Diversidade Biológica da ONU) por ocasião da celebração do Dia Internacional da Biodiversidade.

“Apesar de ter apenas 92.152 km2, Portugal encontra-se entre os países com maior biodiversidade do espaço europeu, mercê da sua situação biogeográfica e da história evolutiva desta região do mediterrâneo ocidental. Tal diversidade manifesta-se nos inúmeros habitats, paisagens e endemismos Portugueses e Ibéricos que de norte a sul do território nacional e com grande relevo nas ilhas atlânticas, nos oferecem esta grande riqueza natural e ao mesmo tempo nos responsabilizam pela sua preservação.” (in Quercus)

Segundo Purves e tal (1997) e Millennium Ecosystem Assessment Board a extinção das espécies pode ocorrer por vários motivos:

- Sobre-exploração das espécies
Os humanos foram causadores de extinções por sobre-exploração das espécies, por exemplo para a alimentação). Um pombo, a ave mais abundante no norte da América em 1800, foi extinto em 1914, largamente devido a sobre-exploração. Os baleeiros russos exterminaram um incomum steller's sea cow do norte do pacifico nos anos 1800, somente 37 anos depois da espécie ter sido descrita. O bisonte americano esteve à beira da extinção no início do século XX e poderá ser extinto hoje em dia se a sua caça não for proscrita. A sobre-exploração continua hoje em dia; por exemplo elefantes e rinocerontes são ameaçados em África porque são apanhados pelos caçadores devido ao valor das suas presas e chifres. Por causa do uso medicinal de chifres de rinocerontes em Sumatra e em Java, por exemplo, o animal foi caçado até o limiar da extinção.

- Pestes introduzidas, predadores e competidores eliminaram muitas espécies
Deliberadamente e acidentalmente, as pessoas movimentam espécies de uns continentes para outros. Os faisões e perdizes foram introduzidos no norte da América para a caça. Os colonos europeus levaram as suas culturas e animais domésticos para a Austrália. Introduziram outras espécies, como coelhos e raposas, para desporto. Sementes de ervas daninhas foram acidentalmente transportadas à volta do mundo nos navios. Apesar das quarentenas, organismos infectados espalharam-se rapidamente através de plantas, animais e pessoas infectadas.
Uma espécie que se desenvolveu numa comunidade com determinados predadores e competidores pode ser vulnerável a novos predadores e competidores introduzidos. Espécies introduzidas causaram a extinção de milhares de espécies. Ratos pretos transportados por navios para as remotas ilhas oceânicas são predadores destrutivos. Nas ilhas Galápagos, porcos e ratos introduzidos exterminaram imensas raças de tartarugas antes de Darwin ter explorado estas ilhas. Àrvores das florestas do norte da América foram atacadas por doenças europeias. A ferrugem da castanha, provocada por um fungo originário da Europa, eliminou virtualmente a castanha americana. Quase todos os olmos americanos de largas áreas do este e centro-este foram mortos pelas doenças dos elmos alemães, causadas por um fungo que alcançou a norte da América via Europa em 1930.
A introdução de espécies animais e vegetais em diferentes ecossistemas também pode ser prejudicial, pois acaba por colocar em risco a biodiversidade de toda uma área, região ou país
Um caso bem conhecido é o da importação do sapo cururu pelo governo da Austrália, com objectivo de controlar uma peste nas plantações de cana-de-açúcar no nordeste do país. O animal revelou-se um predador voraz dos répteis e anfíbios da região, tornando-se um problema a mais para os produtores, e não uma solução

- Perda do mutualismo ameaça algumas espécies
Muitas plantas têm relações mutualistas com polinizadores. Se um deles se extinguir o outro seguirá o mesmo caminho.

- A destruição e fragmentação dos habitats são causas importantes de extinção de espécies
Os milhões de pessoas que existem na Terra são alimentadas, vestidas e têm casa devido à agricultura e indústrias de silvicultura que convertem comunidades ecológicas naturais contendo muitas espécies para comunidades altamente modificadas dominadas por uma ou várias espécies. Dentro destas comunidades, os humanos desencorajaram a presença de algumas espécies através da aplicação de químicos que matam plantas, bactérias, fungos, nemátodes, insectos e outros artrópodes, e invertebrados. Devido ao aumento das modificações dos habitats, a perda de habitats será a mais importante causa da extinção de algumas espécies durante este século (Purves et al, 1997). Os habitats requeridos por algumas espécies têm sido completamente destruídos e outros como grandes florestas e estuários bastantes reduzidos o que leva à extinção de espécies e perda de biodiversidade.

- As alterações climáticas podem causar a extinção de espécies
Os cientistas que estudam a atmosfera prevêem que, como resultado do aumento da concentração dos gases com efeito de estufa (como dióxido de carbono e metano) a média das temperaturas na América do Norte irá aumentar entre 2 a 5ºC no fim do século XXI. Se a temperatura aumentar 1ºC a média de temperaturas anteriormente encontradas numa determinada localização irá deslocar-se 150 km para Norte, o que significa que os organismos que sobrevivem melhor com aquela média de temperaturas terão de se deslocar 150 km para norte para encontrar as mesmas condições. Portanto, as árvores terão de alargar a sua extensão até 500 a 800 km num só século se a media de temperaturas aumentar 2 a 5ºC. As faias americanas, assim como outras espécies de faias, não conseguirão ter este alcance tão rapidamente. As sementes destas árvores, que se dispersam através dos gaios que as transportam, conseguem avançar para norte apenas 20 km por século! As faias teriam que “migrar” 40 vezes mais rápido para não se extinguirem, o que só será possível com a intervenção humana.

- Carga de nutrientes
Desde 1950, a carga de nutrientes – pelo aumento de nitrogénio, fósforo, enxofre e outros poluentes relativos à poluição tornaram-se num dos motores que impulsionam a alteração dos ecossistemas e por consequência a extinção de espécies e perda de biodiversidade.

- A poluição
Uma das consequências da expansão urbana e industrial é a extinção de muitas espécies vegetais e animais. A poluição originada é uma grave ameaça à biodiversidade do planeta. Por exemplo, na Suécia, a poluição e a acidez das águas impede a sobrevivência de peixes e plantas em quatro mil lagos do país.

- Uso excessivo dos recursos naturais, a expansão da fronteira agrícola em detrimento dos habitats naturais
A sociedade moderna - particularmente os países ricos - desperdiça grande quantidade de recursos naturais. A elevada produção e uso de papel, por exemplo, é uma ameaça constante às florestas.

No conjunto e numa escala global, há cinco controladores indirectos das mudanças na biodiversidade e dos ecossistemas: demográfico, económico, sociopolítico, cultural e religioso, científico e tecnológico (in Millennium).
Embora a biodiversidade e os ecossistemas tenham vindo a ser alterados devido a causas naturais, o Homem é uma das causas da perda da Biodiversidade.

“Nas últimas décadas as questões ambientais têm tido uma relevância cada vez maior na vida da nossa sociedade. Portugal assinou e ratificou diversas convenções internacionais e entraram em vigor muitas directivas comunitárias que influenciaram positivamente as políticas nacionais na área do ambiente. A rede nacional de áreas protegidas cresceu, foram designados os sítios da rede natura 2000 e aprovou-se uma estratégia nacional de conservação da natureza e da biodiversidade. Há sem dúvida casos de sucesso na recuperação da nossa biodiversidade como o crescimento da população de cegonha branca, o regresso de algumas aves que estavam extintas como nidificantes, caso do abutre-negro ou da águia imperial, assistimos à expansão da galinha sultana e à recuperação da foca monge mas muitas vezes tal deveu-se mais a factores laterais e não tanto a uma actuação proactiva no domínio da conservação. Na prática, tem sido difícil integrar a conservação da biodiversidade nas diversas políticas sectoriais e este sector não tem tido os recursos financeiros e humanos necessários para a efectiva implementação de estratégias, planos e acções que concretizem os objectivos definidos. Os exemplos negativos prosperam, com inúmeras áreas importantes ainda sem estarem classificadas, muitas áreas protegidas sem planos de ordenamento e gestão, o Plano Sectorial para a Rede Natura 2000 por aprovar, espécies emblemáticas como o lince-ibérico praticamente extinto, e na generalidade sem que existam os recursos que permitam uma eficaz gestão dos sítios a proteger e os planos de conservação de espécies a implementar.” (in Quercus)
No conjunto e numa escala global, há cinco controladores indirectos das mudanças na biodiversidade e dos ecossistemas: demográfico, económico, sociopolítico, cultural e religioso, científico e tecnológico (in Millennium).

Embora a biodiversidade e os ecossistemas tenham vindo a ser alterados devido a causas naturais, o Homem é uma das causas da perda da Biodiversidade.
Seremos nós então uma das armas para matar mas também para preservar a biodiversidade??

Fontes bibliográficas:
Millennium Ecosystem Assessment, 2005. Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, DC.
Purves, Orians, Heller e Sadava. 1997. Life The Science of Biology 5ªEdição. Freeman USA
http://www.quercus.pt/scid/webquercus/defaultArticleViewOne.asp?categoryID=633&articleID=1799, NOV. 2009
http://www.enciclopedia.com.pt/articles.php?article_id=622, NOV. 2009

Imagens:
http://virtualbooks.terra.com.br/livros_online/dinossauros_do_Brasil/Cap02.htm, NOV. 2009
http://www.terramater.pt/?pag=120, NOV. 2009
http://www.ehow.com/about_4810639_global-warming-effects-animal-habitats.html, NOV. 2009
http://geoesfera08.blogspot.com/, NOV. 2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O VALOR DA BIODIVERSIDADE

“Biodiversidade ou diversidade biológica é a diversidade da natureza viva. Desde 1986, o termo e conceito têm adquirido largo uso entre biólogos, ambientalistas, líderes políticos e cidadãos informados no mundo todo. Este uso coincidiu com o aumento da preocupação com a extinção, observado nas últimas décadas do Século XX.
Pode ser definida como a variedade e a variabilidade existente entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais elas ocorrem. Ela pode ser entendida como uma associação de vários componentes hierárquicos: ecossistema, comunidade, espécies, populações e genes em uma área definida. A biodiversidade varia com as diferentes regiões ecológicas, sendo maior nas regiões tropicais do que nos climas temperados.
Refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna, de fungos macroscópicos e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos.”



Mas porque conservar a biodiversidade? Qual o valor da biodiversidade?

Existem vários valores para se justificar a protecção da biodiversidade.






A Biodiversidade tem um valor intrínseco que merece ser protegido, independentemente do seu valor para os seres humanos. Quem se baseia nesta teoria considera que a Natureza é concebida como valor supremo (Ecologia profunda) e todos tem direito à sua existência (indivíduos e espécies), independentemente do valor que o Homem lhes atribua, a biodiversidade deverá ser encarada como uma mais valia para o Homem.

Este argumento centra-se na conservação de todas as espécies, mesmo sendo espécies ecologicamente equivalentes.

No outro extremo encontra-se a tradicional percepção que o ser humano é dono e senhor (dominador) da Natureza e que esta passa a ser propriedade privada de alguns homens
Deste modo consideram-se então duas categorias na importância de proteger a biodiversidade. O ponto de vista intrínseco da protecção das espécies e o ponto de vista económico de onde pode haver rendimento (ganho para o ser humano, perspectiva antropocêntrica).


Ambos os pontos de vista (intrínseco e antropocêntrico) não precisam de ser contraditórios, uma vez que servem o mesmo objectivo final. No entanto, eles muitas vezes são considerados incompatíveis, porque resultam de duas filosofias muito diferentes: um que vê a natureza como intrinsecamente valiosa e um que a considera economicamente valiosa.


Ponto de vista intrínseco

A thing is right when it tends to preserve the integrity, stability and beauty os the biotic community. It is wrong when it tends to otherwise
- Aldo Leopold, A Sand County Almanac



Ponto de vista antropocêntrico

The natural environmental “harbours chemicals,fibers, flesh, resins, enzymes, genes and whatnot that we can manipulate, extract, breed, purify and prime into products that will cure our diseases, feed our hungry and line our pockets.
- Nicholas Tackacs, The Idea of Biodiversity



Perante tão diversificadas opiniões, e de um impraticável entendimento ideológico por parte dos homens, a melhor solução encontrada, é atribuir um valor económico com base no que as pessoas (opinião pública) estão dispostas a pagar para a preservação de determinada espécie ou paisagem natural. Ainda que demasiado antropocêntrica, este é um passo em frente na conservação da Natureza e da biodiversidade, visto haver uma crescente preocupação social ligada ao ambiente.


“Actualmente, o valor da biodiversidade não reside apenas na beleza de uma paisagem ou na manutenção de espécies em vias de extinção, mas no facto da nossa sobrevivência neste planeta depender da sua conservação. Este deve ser um objectivo a alcançar pela sociedade e não simplesmente a quimera de alguns sonhadores” (Pereira, 2004).






A dificuldade na atribuição de valor económico aos bens e serviços gerados pela diversidade biológica depende do tipo de valores em questão. Assim, estes têm sido divididos, por autores como Young e Barbier, em valores de uso e valores de não uso.


Entre os valores de uso, os bens e serviços podem ter um valor resultante do seu uso directo – madeira, caça, turismo, da sua função ecológica – fotossíntese, protecção contra a erosão, ou por serem um valor de opção. Por valor de opção entende-se os benefícios ainda desconhecidos da biodiversidade, como a descoberta de novas substâncias para o tratamento de doenças.
Os valores de não uso separam-se entre valores de existência, como é a satisfação por sabermos que o Lince-ibérico ainda existe nas serras do Sul de Portugal, ou o valor de doação, relacionado com a possibilidade de podermos transmitir às gerações vindouras o mesmo património que nos foi legado.


Numa tentativa de ultrapassar esta dificuldade vários métodos têm sido enunciados para estimar os valores de não uso e de uso. Um deles é o do valor de substituição. Por exemplo, sabendo que os pinhais da zona litoral centro de Portugal asseguram a fixação das areias e protegem dos ventos salgados, este método propõe que o valor a encontrar seja dado pelo que teríamos de despender na construção de uma estrutura que oferecesse os mesmos benefícios. Outro dos métodos utilizados consiste em questionar o público sobre o valor que estaria disposto a pagar por um determinado recurso - método do valor de contingência.

Existem muitos mais factores que demonstram a necessidade de preservação da biodiversidade:
- A interdependência entre as espécies – a perda de uma espécie pode ter consequências inimagináveis sobre outros membros da comunidade; é o caso da ave Dodo, extinta no séc. XVIII, que se alimentava de sementes de uma árvore, a "Calvária", actualmente também em risco de desaparecer. A semente desta árvore só conseguia germinar depois do Dodo se alimentar do seu fruto e de "gastar" a casca grossa da semente. Sá assim ela poderia germinar e manter a espécie. Hoje existem apenas 13 árvores de "Calvária" no mundo;
- O pouco estudo existente sobre todos os ecosistemas e habitats: só 13% de aproximadamente 14 milhões de espécies que habitam o planeta estão descritos pelos cientistas; a extinção de espécies poderá eliminar hipóteses de encontrar cura para algumas doenças ou de pistas científicas importantes relativas à história da evolução e da origem da vida;
- A biodiversidade nos oceanos é essencial para a grande produção de oxigénio e consumo de dióxido de carbono e é fonte de proteína animal para a população humana;
- A biodiversidade fornece muitas vezes soluções para os actuais problemas de poluição e doenças. A medicina tradicional constitui a base dos cuidados médicos primários para mais de 80% das pessoas em países em desenvolvimento, estando a conquistar também os países mais desenvolvidos.

“A espécie humana depende da biodiversidade para a sua própria sobrevivência, estimando-se que, pelo menos 40% da economia mundial e 80% das necessidades dos povos dependem dos recursos biológicos”.( Estratégia Nacional da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Setembro 2001.)

Cada um de nós depende da biodiversidade, de alguma forma - o ar que respiramos, a água que bebemos, o alimento que comemos, os medicamentos que usamos, o trabalho que fazemos – cada simples dia!
















Fontes bibliográficas:

http://www.cbd.int/2010/importance/, Nov, 2009
http://www.confagri.pt/Ambiente/AreasTematicas/ConsNatureza/TextoSintese/Antecedentes/, Nov, 2009
http://redpath-museum.mcgill.ca/Qbp/2.About%20Biodiversity/importance.html, Nov, 2009
http://www.ecology.org/biod/value/index.html, Nov, 2009
http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=7&cid=1217&bl=1&viewall=true#Go_1, Nov, 2009
Estratégia Nacional da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Setembro 2001




Imagens:
Marta Palhim

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

XIX Jornadas de Ambiente da Quercus

A Quercus vai realizar as suas XIX Jornadas de Ambiente, este ano dedicadas ao tema do “Tratamento Mecânico e Biológico (TMB) na reciclagem dos resíduos urbanos”, no próximo dia 30 de Outubro, no Dom Gonçalo - Hotel & SPA, em Fátima. Consulte aqui o programa.
http://www.quercus.pt/scid/webquercus/defaultArticleViewOne.asp?categoryID=689&articleID=2985

sábado, 17 de outubro de 2009

Preciso é de férias!

Terminou mais um ciclo complicado de trabalho. Mais uma abertura de loja que ficou feita e muitas noites de sono e descanço perdidas... Mas o resultado foi positivo e isso é que é importante!
Não como vai ser se isto continua assim... preciso de tempo para o mestrado!
Bom, devemos viver um dia de cada vez e da melhor forma possível! Vamos andando e aguardando....

domingo, 11 de outubro de 2009

Olá a todos!
Acabei de criar o blog... Será este o ponto de partida para uma nova aventura!
Agora é só alimentá-lo e educá-lo!
Até breve!